No campo, quanto mais o Brasil avançar na Copa do Mundo, mais próximo fica da taça. Fora dele, as consequências também são positivas, inclusive para dar fôlego à economia. O setor da alimentação fora do lar é um exemplo. Espera crescimento de 12% do consumo com o mundial, segundo a Abrasel. Assim, estabelecimentos preparam promoções, brindes, cardápios e investem em telões para aproveitar a torcida que os anima diante da crise econômica, que joga contra.
“Esperamos aumento de 50% na estreia da seleção, que será em dia favorável (domingo às 15 horas). Quanto mais a seleção avançar, melhor”, reforça o diretor de Desenvolvimento da Abrasel, Lucas Pêgo. Ele pontua que a expectativa é de 30% de incremento no consumo na primeira fase da Copa. Esse é o porcentual que o proprietário do Madalena Gastrobar, Fabiano Vaz, espera movimentar a mais e já prepara programação especial e o ambiente.
Ele vai investir em telão de LED, televisões e parcerias para fazer sorteios e algo relacionado a drinks. “Não tem como ficar de fora e é um investimento básico”, explica ao pontuar que os concorrentes apostarão na data. Com quatro meses de portas abertas, com proposta de comida de restaurante voltada para o bar, o estabelecimento estreou voltado para as mudanças de hábito do consumidor na crise, com pratos para compartilhar, por exemplo. Assim, a expectativa de Vaz e de boa parte do setor que se adaptou é de melhora.
Para aproveitar o momento de otimismo, há restaurantes, como o McDonald’s, até com cardápio temático da Copa. Por causa do fluxo esperado, há reflexo até em contratações. O proprietário do Mourão Bar e Restaurante, Júlio Moura, explica que o atendimento terá cerca de 10% a mais de trabalhadores. “A tendência é melhorar. Fizemos happy hour, promoções, reagimos”, diz. Telão e TVs também estão entre as táticas. “O setor está otimista em relação ao ano passado. Sobre faturamento, em 2018, 66% espera crescimento, 25% estabilidade e 9% redução. Sobre o ambiente de negócio, 71% está otimista, 20% espera estabilidade e 9% está pessimista”, revela Lucas Pêgo, da Abrasel, sobre pesquisa recente que será publicada.
Recuperação
Desde o ano passado, o setor de alimentação fora do lar tem registrado uma recuperação. O crescimento real (sem a inflação), em 2017, foi de 1,5%. Faturamento de R$ 166 bilhões no Brasil, de acordo com dados da Abrasel. “Em 2016 e 2015, estávamos mais pessimistas e tivemos melhorias nos dados macroeconômicos, como do IPCA fora do lar, que teve redução de 46,95%.” Eventos como festivais gastronômicos também trazem boas perspectivas, mas longe de ter uma virada de jogo definitiva para o setor a curto prazo.
Pêgo reforça a importância da Copa e o fato de que está mais fácil, especialmente para bares, aproveitar o fluxo, que tende a crescer. “Poderá pela primeira vez contratar apenas para o dia de jogo com todos os encargos, ter jornada móvel. É a maior novidade em termos legais”, diz sobre o primeiro mundial com a contratação de intermitentes de maneira legal. Com oscilação entre momentos bons e ruins, o presidente da Abrasel em Goiás, Fernando de Oliveira Jorge, explica que no início do ano a perspectiva estava melhor e depois piorou. Pós-carnaval, no Estado, a situação ficou menos otimista. “Acredito que com a Copa isso possa mudar. Alguns aderiram a novos drinks, novo estilo de consumir, mas o movimento aumenta esporadicamente”, alerta.
Na avaliação dele, do pequeno ao grande empresário houve impacto com a redução do consumo. E tanto nas transmissões de jogos como em eventos como o Festival Brasil Sabor, que ocorre nacionalmente em maio, há oportunidade de reagir. Mas sem tanta empolgação como ocorria em anos anteriores ao enfraquecimento econômico. “Os empresários criam meios para não parar, mas o setor é complexo”, conclui.